Arte
ARTISTA PLÁSTICA JOANA VASCONCELOS
Joana Vasconcelos - Miguel Domingos/©Unidade Infinita Projectos.
Que significado pretende alcançar com a utilização nas suas obras de artefactos que remetem para arte tradicional portuguesa?
Tal
como outros aspetos da minha subjetividade, o facto de ser Portuguesa
condiciona a forma como me relaciono com o mundo. Contudo, este
particularismo é apenas um ponto de partida para articular questões
universais, porque o que me interessa é o diálogo entre tradições e
experiências, entre o que é Português e o que é feito pelo mundo fora e
esta justaposição de referências locais e globais. No fundo, o que é
realmente importante é comunicar além fronteiras.
Qual o valor icónico do sapato feito com caçarolas da Silampos?
A
série de sapatos feitos com caçarolas Silampos tem uma vasta carga
simbólica, partindo mesmo dos títulos destas obras, que remetem a
personagens femininas icónicas (Marilyn, Cinderela, etc) e passando pela
associação improvável entre as caçarolas e o sapato de salto alto,
justapondo assim os papéis contrastantes da Mulher na sociedade,
independentemente da sua origem: o desempenho social e o doméstico. A
grande familiaridade da marca Silampos serve também para o aproximar
mais intimamente do público.
Enquanto utilizador o que lhe agrada mais na marca Silampos?
Tanto
na habitual utilização doméstica como enquanto artista, admiro a forma
como se imprimiu na memória coletiva dos portugueses e, mais do que uma
marca, se tornou um sinónimo dos seus próprios produtos em Portugal.
Em
2007 a Silampos começou a fornecer à artista contemporânea Joana
Vasconcelos as panelas que deram vida a uma série de sapatos com cerca
de 3 metros de altura.
É a primeira artista portuguesa a expor
no Palácio de Versalhes em Paris. Nesta exposição, que foi inaugurada
no dia 19 de Setembro de 2012, decidiu "dialogar com a história e a
estética do lugar, cruzando-as com as técnicas tradicionais portuguesas,
uma homenagem às mulheres que lá viveram e mudaram o curso da
história”.